O texto a seguir foi enviado via forms de contato do BoletIME e não necessariamente condiz com a opinião do corpo editorial.
É inevitável que todo tipo de movimento disruptivo como uma greve gere opiniões contrárias. São movimentos que questionam o sistema quando vozes não são ouvidas e demandas ignoradas; movimentos que pressionam os beneficiários pela não-escuta. Durante a atual Greve dos estudantes, no contexto imeano, não foi diferente. Desde o início houve resistência por parte tanto de grupos de estudantes quanto de grupos de professores vocalizando posturas opostas à Greve, manifestando-se de maneiras não-oficiais – como E-Mails e baixo-assinados – e também na forma de participação das assembleias, votando contra a continuidade da Greve.
O IME possui grades taquicárdicas, e muitas vezes um pequeno atraso de duas aulas é o suficiente para colocar a continuidade da disciplina inteira em cheque. Não à toa que a taxa de reprovação do Instituto é a maior da Universidade; ou que a taxa de desistência do IME esteja, também, entre os maiores da USP. Com isso, não é totalmente incompreensível que existam alunos – ou até mesmo professores – contrárias à Greve. Porém, é extremamente importante que cada um de nós tenha, também, a consciência das reivindicações do atual movimento, dos motivos que levaram ao estopim do cenário atual, e da importância de pressionar e lutar por um espaço acadêmico digno para nós, estudantes, e professores. Nisso, é nítido que a maioria do Instituto possui, ao menos, um conhecimento mínimo sobre: as vozes contrárias ao movimento são uma minoria; e apesar da aparente oposição em massa dos professores, somente um terço é contra o movimento.

Dados levantados pelo GT de Dados da Greve
No dia 4 de outubro de 2023, representantes da greve geral dos estudantes participaram de uma negociação com a Reitoria, chegando a conclusões muito significativas das pautas de reivindicações dos estudantes, demonstrando a clara efetividade que o movimento tem atingido no relativo curto período de ação, especialmente comparado com os resultados da primeira tentativa de negociação – quando a Reitoria deu a entender uma postura de atrito por exaustão –. Mais uma vez volta-se à discussão sobre a importância de movimentos não-conciliatórias e disruptivas diante de estruturas que não visam sequer a escuta das nossas demandas urgentes que ameaçam não só a própria existência daquilo que gostaríamos de cursar, como também do bem-estar dos nossos professores dentro de um cenário de sobrecarga de trabalho.