Originalmente publicada em 30 de outubro (segunda) nas redes sociais dos centros acadêmicos signatárias.
A noite da última quinta-feira (26/10) ficará marcada na história do movimento grevista atual por evidenciar quais as direções políticas dispostas a enfrentar os desafios e as contradições impostas pelo movimento estudantil atual. E, por evidenciar também, quais preferem se omitir dos espaços quando não conseguem manter o movimento em suas rédeas curtas. Nesse sentido, os tensionamentos na última assembleia geral permitem observar novamente a diferenciação, na prática, das forças que compõem o DCE Livre da USP, para além da diferenciação das demais forças políticas que estão presentes no movimento estudantil da USP.
Aqui, frisamos o "novamente", pois tal postura não é particular da greve. No último ano, já presenciamos outras duas ocupações que não foram encabeçadas pelo DCE ou votadas em assembleia geral dos estudantes da capital, a saber: ocupação da Escola de Artes, Ciências e Humanidade (junho/2023) e a ocupação da sede da AMORCRUSP (dezembro/2022). Nesses eventos, observamos que do movimento estudantil organizado e das três forças que compõem a atual gestão do diretório central, apenas uma - a UJC - estava de fato presente cotidianamente, dialogando com estes movimentos e apresentando suas críticas dado o espontaneísmo e isolamento do movimento estudantil geral.
Acreditamos que tal postura é frutífera, pois, tendo esses movimentos se tornado mais frequentes, cabe a nós buscar compreendê-los de forma mais profunda a fim de avançar na luta estudantil. Ora, iremos cancelar assembleias gerais toda vez que um movimento espontâneo e não-organizado pelo DCE Livre da USP ocorrer? Embora digam que fazer a assembleia em frente a ocupação seria legitimar a ocupação, não evidenciam o porquê de não terem realizado a assembleia em outro espaço - inclusive, da assembleia anterior, havia o indicativo de, caso não fosse na Reitoria, seria no Vão da FFLCH -, ou mesmo já remarcado a nova assembleia. Quando, na verdade, a prática escancara a preferência dessas forças em se ausentar da responsabilidade de construir a instância máxima de deliberação dos estudantes e, por consequência, avançar na dinâmica de nosso movimento estudantil. Por isso, os centros acadêmicos do Baixo Matão vêm, por meio desta nota, reconhecer o caráter legítimo da assembleia geral realizada na última quinta-feira (26/10) e a tática de ocupação do bloco K. Entendemos que os dois eventos não se implicam, não havendo motivos plausíveis para deslegitimar a assembleia geral em detrimento de ter ocorrido na frente da ocupação. Reforçamos, também, o nosso compromisso enquanto entidades representativas em pautar o movimento pela realidade, buscando avançar nos desafios que ela nos põe e na democratização do movimento estudantil!
Centro Acadêmico da Matemática, Estatística e Computação "Elza Furtado Gomide" (CAMat, IME-USP)
Centro Acadêmico do Instituto de Física (CEFISMA, IF-USP)
Centro Paulista de Estudos Geológicos (CEPEGE, IGc-USP)
Centro Acadêmico Panthalassa (CAP, IO-USP)